Fui criado nos fandangos
Nas bailantas de galpão
Bugio, xote, vanerão
Num tranco velho campeiro
Como é lindo o entrevero
Que se forma em cada marca
E a sinfonia monarca
Segue a sina do gaiteiro
Nos botões da velha gaita
Que semeiam melodias
Eu escuto a baixaria
Chorando a nossa vaneira
Sei que o autor é de primeira
Pois o toque é conhecido
Dancei muito em chão batido
No meio da polvadeira
Quando roncam as duas gaitas
Ninguém para esse tranco
Cada marca é um limpa-banco
E o povo faz a festança
Velho, moço e até criança
Amanhecem fandangueando
Quando o sol já vem raiando
E se vão rebanhando lembranças
Quantos bailes se passaram
Num galope fandangueiro
Ainda encantam o pago inteiro
E um bugio não quer calar
Florisbela sarandeando
Tabatinga retalhando
Polvadeira levantando
Salpicados de luar
O que seria das bailantas
Sem um som velho e bagual
Gineteando um temporal
Na milonga sem arreio
Pois nem mesmo um tempo feio
Pode parar um fandango
Que nem baile extrai do mango
Parte a gaita então no meio
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